Entrevista - A ansiedade como causa de acidente vascular cerebral

Autor: Giovana Campos


A ansiedade como causa de acidente vascular cerebral na ótica espírita

 

Giovana Campos

 

O médico José Henrique Rubim de Carvalho, presidente da Associação Médico-Espírita de Nova Friburgo (RJ), nos fala sobre a ansiedade como causa de acidente vascular cerebral nos ensinamentos de André Luiz, espírito que auxiliou o médium Chico Xavier em diversas obras.

 

Quais os tipos de acidente vascular cerebral que existem? 

Há dois tipos principais de AVC: o isquêmico e o hemorrágico, mais conhecido como derrame cerebral. O isquêmico é o mais comum e corresponde a 87% dos casos, e o hemorrágico entre 13 a 20%. No AVC isquêmico, um coágulo bloqueia a artéria que leva o sangue para o cérebro. Pode ser provocado por uma trombose cerebral, quando um coágulo de sangue se forma numa artéria principal em direção ao cérebro. Há também o AVC causado pela embolia cerebral, quando o bloqueio acarretado pelo coágulo, bolha de ar ou glóbulo de gordura, se forma num vaso sanguíneo em alguma parte do corpo e é levado na corrente sanguínea para o cérebro. Também pode haver um bloqueio nos pequenos vasos sanguíneos da parte mais profunda do cérebro. O segundo tipo de AVC (hemorrágico) é um derrame, quando um vaso sanguíneo se rompe (podendo ser um aneurisma cerebral), causando uma hemorragia no cérebro. Pode ser provocado por uma hemorragia intracerebral, quando um vaso sanguíneo se rompe dentro do cérebro, ou uma hemorragia subaracnóidea, quando um vaso sanguíneo superficial do cérebro sangra para a área entre o cérebro e o crânio. Esta área denomina-se espaço subaracnóide.

Portanto, as causas mais comuns de AVC são devidas a má formação arterial cerebral (aneurismas de causas genéticas), hipertensão arterial, cardiopatias, tromboembolia, arritmias, uso de anticoncepcionais, e segundo o Ministério da Saúde, o fumo é o responsável por 25% das doenças vasculares, entre elas, o AVC.

 

 

Como a ansiedade propicia o aparecimento de um AVC?

 Atualmente estamos observando um maior aparecimento de casos de AVC entre os jovens. Subtraindo as causas orgânicas, como alterações genéticas, arritmias e o uso do anticoncepcional, podemos atribuir o fato aos fatores psíquicos e emocionais. Vivemos num mundo de competitividades, rivalidades e disputas que atendem ao egocentrismo, geradores de ansiedades, estresses e angústias, que se expressam no corpo físico e perispiritual. 

O hormônio do estresse é sintetizado no núcleo paraventricular do hipotálamo (zona límbica cerebral), e atua na hipófise desencadeando a produção do ACTH, que vai atuar nas glândulas endócrinas e principalmente na suprarrenal que elabora dois hormônios importantes: o cortisol que é responsável por agir no sistema imunológico e a adrenalina, com vasta atuação no sistema cardiovascular. Esta é a cadeia que responde pelo estresse e a ansiedade. A ansiedade por conta disso, tem um efeito voltado para o sistema muscular esquelético e liso. As fibras musculares lisas estão dispostas nas paredes dos vasos sanguíneos, e passamos a entender a atuação dos transtornos da ansiedade nas contrações das fibras musculares lisas dos vasos sanguíneos arteriais, gerando alterações que podem levar ao AVC. A arteriosclerose é a rigidez das artérias que acomete a faixa etária dos mais idosos, embora possa iniciar-se já em idades mais precoces. Toda representação material e orgânica, tem sua gênese nas zonas espirituais e perispirituais, ou seja, a rigidez física corresponde a uma rigidez comportamental do espírito em evolução moral. A rigidez espiritual, com suas fixações mentais, padronizadas e engessadas, quando não atendidas no grau de exigência que lhe é peculiar, leva a uma insegurança e medos ingentes, gerando um quadro ansioso, instável, que se expressa sob a forma de contrações musculares que levam a perturbações e a alterações fisiopatológicas, no caso, do sistema arterial. Aliado a isto, teremos concomitantemente desequilíbrios no sistema sanguíneo, mediante a alterações no fluido vital (ectoplasma), que como afirma André Luiz, está intimamente ligado à mente. Começam então os depósitos de gordura no endotélio vascular, formando as placas de ateroma (ateromatose), em artérias em disfunção pela rigidez (arteriosclerose). Através de inúmeros mecanismos, esta placa se rompe levando a formação dos trombos, que quando bloqueiam totalmente a artéria, desencadeia o quadro clínico supracitado.

 

Hoje, a ansiedade é muito comum em diferentes faixas etárias, gêneros, classes sociais. Como trabalhar a suavização deste sentimento e prevenir problemas mais graves?

Como a Neurociência afirma, não podemos evitar o estresse e a ansiedade, que são inerentes aos seres imperfeitos sob um regime de provas e expiações. Mas podemos envidar esforços domando nossas más tendências e predisposições, como diz o “Evangelho Segundo o Espiritismo”, ou seja, se autoconhecendo, se aceitando, que vamos elaborar um hormônio antagônico, denominado de oxitocina (hormônio do amor), que irá minimizar os efeitos da corticotropina e suas consequências desastrosas no campo físico. A meditação tem uma contribuição muito eficaz como ansiolítica e no autoconhecimento.

 

Como o espírito André Luiz descreve a ansiedade como fator de predisposição a um acidente vascular cerebral?

No capítulo 7 do livro Missionários da Luz, Justina, desencarnada, mãe do septuagenário encarnado, Antônio, procura aflitivamente o mentor Alexandre, buscando ajuda a seu filho, dizendo: (...) “ E hoje trouxe para o leito de repouso tantas preocupações descabidas, tanta angústia desnecessária, que as suas criações mentais se transformaram em verdadeiras torturas... infelizmente, é tão grande o seu desequilíbrio interior, que toda a minha colaboração resultou inútil, permanecendo-lhe o cérebro sob a ameaça dum derramamento mortífero.” André Luiz também nos relata que Antônio “ parecia próximo dos setenta anos e exibia todos os sinais do arteriosesclerótico adiantado.” Os preocupados e angustiados são os ansiosos e estressados, com reflexos muito nítidos no invólucro material.

Mostra-nos André Luiz a possibilidade de um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico, num idoso com arteriosclerose e provável aterosclerose.

 

Quais os aprendizados emocionais, psíquicos e mesmo espirituais que esta enfermidade (AVC) traz tanto para o médico como para os familiares?

Não só o AVC nos traz ensinamentos profundos, assim como outras enfermidades vistas sob o novo paradigma que é a Medicina Espiritual, que nos acena para o doente, que é o espírito imortal em seus périplos depurativos, e não a doença, que é a consequência natural dos desmandos e desarmonias morais, que deixam marcas indeléveis nos campos morfogenéticos, para o devido resgate e reajustamento irrecusável. André Luiz, o dinamizador da Doutrina dos Espíritos, atualiza a mesma com ensinamentos preciosos, amalgamando a ciência à espiritualidade. É a rendição das religiões ortodoxas e cartesianas que estão cedendo às evidências científicas que fincam suas balizas na lógica, na razão e nas provas inexoráveis.